FRAGMENTA

Sempre pintei “aos pedaços”, com pigmentos ou pixels. Pequenas áreas do trabalho eram pensadas quase como trabalhos individuais, que juntos formavam um todo. Talvez por isso as imagens de colchas de retalhos sempre estiveram presentes em fases tão distintas.

Fragmenta é a procura dessas semelhanças e um diálogo entre meus diversos trabalhos. Um grande mosaico, comos os patchworks de tapetes persas do Marché aux Puces St-Ouen. Cenas recombinadas e reeditadas em outra sequência, contando novas histórias de um mesmo personagem.

O processo de criação das infogravuras deixava muitas vezes um rico material pelo caminho. O trabalho criado no computador nem sempre se revelava o esperado quando impresso em grandes formatos, o que exigia novas intervenções, ajustes e mudanças no arquivo original. As telas eram novamente impressas e as que tinham sido descartadas eram guardadas. Sempre pensei em utilizar esse material em algum outro trabalho.

Fragmenta nasceu assim. Decidi cortar essas telas em fatias e recombiná-las, colando em painéis de madeira. No decorrer do processo, fui percebendo limitações. Quando, por exemplo, precisava de uma determinada cor para compor esse novo trabalho muitas vezes não dispunha nesse material guardado. Guiado por essa insatisfação, decidi fazer experiências direto no computador, utilizando um vasto material: meus trabalhos anteriores.

As experiências das composições no computador foram ficando cada vez mais sedutoras. Nada mais intenso do que beber na própria fonte, uma relação antropofágica, em que se descobrem novos caminhos, navegando em territórios que se pensava conhecer de cor.

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FRAGMENTA V 198 x 52cm infogravura sobre tela 2012